terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Petrarca: Sonetos em análise

Resultado de imagem para petrarcaAo tratar da produção poética da época Renascentista, Francesco Petrarca surge como um exponencial ao criar o que hoje é chamada “maneira petrarquista”.  Sua obra se trata de um conjunto extenso de composições poéticas - principalmente sonetos - elaboradas durante mais de trinta anos. Além disso, sua composição reflete um processo amoroso inspirado por uma mulher - Laura - cuja existência real não é comprovada. A morte da dama serve de linha divisória a duas seções em que os poemas são agrupados: 'In vita di madonna Laura' e 'In morte di madonna Laura’.
O amor de Petrarca traz uma idealização da amada - que transcende e transborda tudo que existe entre céu e terra. A mulher. Há uma extrema introspecção do eu poético no que tange a experiência amorosa, ao mesmo tempo que, os efeitos dessa experiência amorosa podem ser compartidos por todos.
No Soneto 18, Quand'io son tutto vòlto in quella parte, [1] a amada é retratada como portadora de uma luz  e uma beleza celestial:

Muitas das palavras utilizadas em poemas petrarquianos são utilizadas de forma que parecem reforçar a experiência amorosa. Além da menção da palavra luz (‘luce’) diversas vezes ao longo do poema, é possível notar a repetição palavras nas rimas (‘parte’, ‘luce’, ‘morte’, ‘sòle’, ‘desio’) - estas palavras fazem parte dos temas centrais do poema: a visão reluzente da amada, a solidão, a morte e o desejo.
No poema, a beleza reluzente parece apenas uma memória de uma beleza desaparecida, que não vem para iluminar o caminho do poeta, nem o confortar da morte. Na verdade, a morte aqui é o evento cruel que serve como escape para o desejo de uma mulher que se foi. Laura está, de certa forma, escondida por trás das características suaves, as cores brilhantes e, graças a um corpo harmonioso, uma espécie de linguagem de autoconhecimento. No entanto, o caráter reluzente de Laura parece estar acompanhado por uma espécie de sentimento de culpa que talvez decorra da incapacidade do poeta entrar em um relacionamento sereno com o mundo.


 [1] PETARCA, Francesco. Canzoniere. Tradução de A.S.Kline. Disponível em: <http://petrarch.petersadlon.com/canzoniere.html?poem=18>

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