
O amor de Petrarca traz uma idealização
da amada - que transcende e transborda tudo que existe entre céu e terra. A
mulher. Há uma extrema introspecção do eu poético no que tange a experiência
amorosa, ao mesmo tempo que, os efeitos dessa experiência amorosa podem ser compartidos
por todos.
No Soneto 18, Quand'io son tutto vòlto in quella parte, [1] a amada é retratada como portadora de uma
luz e uma beleza celestial:
Muitas das palavras utilizadas
em poemas petrarquianos são utilizadas de forma que parecem reforçar a
experiência amorosa. Além da menção da palavra luz (‘luce’) diversas vezes ao longo do poema, é possível notar a
repetição palavras nas rimas (‘parte’, ‘luce’, ‘morte’, ‘sòle’, ‘desio’) -
estas palavras fazem parte dos temas centrais do poema: a visão reluzente da
amada, a solidão, a morte e o desejo.
No poema, a beleza reluzente
parece apenas uma memória de uma beleza desaparecida, que não vem para iluminar
o caminho do poeta, nem o confortar da morte. Na verdade, a morte aqui é o
evento cruel que serve como escape para o desejo de uma mulher que se foi. Laura
está, de certa forma, escondida por trás das características suaves, as cores
brilhantes e, graças a um corpo harmonioso, uma espécie de linguagem de autoconhecimento.
No entanto, o caráter reluzente de Laura parece estar acompanhado por uma
espécie de sentimento de culpa que talvez decorra da incapacidade do poeta
entrar em um relacionamento sereno com o mundo.
[1] PETARCA, Francesco.
Canzoniere. Tradução de A.S.Kline.
Disponível em: <http://petrarch.petersadlon.com/canzoniere.html?poem=18>
Muito interessante. Parabéns!
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